Castelos de Portugal

Silhueta do castelo de SilvesCastelo de Silves

Entre o castelo e a ponte sobre o rio Arade, são já visíveis algumas casas fora de muros (séc. XVII)
Silves no Século XVII

Alcáçova | Poço-Cisterna


Porta da Cidade e Pelourinho. Bem visível a construção em grés de Silves, a pedra vermelha tão característica deste casteloO sistema defensivo que envolveu em tempos toda a cidade de Silves era bastante completo e sofisticado.

Embora subsistindo opiniões de que poderá ter havido algum reduto defensivo da época romana ou pré-romana na actual colina em que assenta a cidade, o que até hoje se confirmou arqueologicamente é a existência de uma muralha construída, hoje quase totalmente oculta, logo após a conquista árabe no séc. VIII.

O que resta actualmente do sistema defensivo de muralhas que envolvia Silves remonta quase exclusivamente à época Almóada da ocupação islâmica (séc.XII-XIII), época das lutas da Reconquista cristã levadas a cabo pelos primeiros cinco reis de Portugal, tendo beneficiado nos anos 40 deste século de importantes obras de recuperação, hoje em dia em alguns pormenores criticadas.

A estrutura desta importantíssima obra militar assentava na harmonização das suas várias partes: a Alcáçova, as Muralhas da Almedina, a Couraça, as Muralhas do Arrabalde e a muito provável existência de fossos e barbacãs.


Planta da Alcáçova de SilvesAlcáçova

A Alcáçova é a área nobre do Castelo e aquela que beneficiou de importante restauro e consolidação neste século (1948). A sua superfície é de aproximadamente 12.000 metros quadrados, rodeados por muralha de forma poligonal construída em arenito vermelho, o conhecido grés de Silves, e miolo em taipa.

Este conjunto de muralhas possui duas saídas: uma, a principal, dá acesso à Medina (a cidade), a outra, mais pequena e virada a Norte, é conhecida por Porta da Traição, e surge habitualmente nas construções muçulmanas dando acesso directo ao exterior.

As muralhas desta alcáçova são exteriormente reforçadas por onze torres de planta rectangular mas de concepção diferente. Referimo-nos às duas que são albarrãs, isto é, se destacam do pano de muralha através de um passadiço.

No interior desta alcáçova várias coisas ainda a registar: as duas cisternas, muito provavelmente mouras, uma das quais abobadada, o aljibe, mais conhecido por Cisterna da Moura e à qual se liga uma lenda; a outra, conhecida por Cisterna dos Cães, tem tanto de enigmática como de profunda, havendo quem diga que liga ao rio.

A destacar ainda as escavações em curso numa habitação muçulmana, quem sabe se do mítico Palácio das Varandas, o Axarajibe, da poesia e da lenda...

Silves e o rio Arade vistos de este

Hoje o castelo é um romântico local de passeio, um dos mais belos miradouros da cidade operária, um local de entretenimento dos dias de Verão.

As Muralhas da Almedina envolviam a cidade que pela colina se estendia. Ainda hoje são visíveis na zona norte e poente algumas torres-albarrãs, das mais genuínas porque quase não restauradas. Na Rua Nova da Boavista duas grandes albarrãs, junto à Câmara Municipal outras três, uma das quais a mais importante porta da Medina, hoje Biblioteca Municipal e outrora a Casa da Câmara.

A Couraça é outra das originalidades introduzidas pela engenharia militar almóada.

As Muralhas do Arrabalde envolveriam a parte mais baixa da cidade. Dessa estrutura de material mais pobre resta o conhecido Arco da Rebola (Rua da Cruz da Palmeira).

Completariam este forte dispositivo militar algumas barbacãs e fossos dispostos nos locais mais vulneráveis.

Praça calcetada no interior do castelo de Silves


Poço-Cisterna

Poço-Cisterna de Silves, vendo-se a escada em caracol que descia até ao nível da águaÉ uma das mais recentes descobertas monumentais do património arqueológico silvense.

Trata-se dum enorme poço (aprox. 20 metros), de boca circular e construído em forte aparelho de grés. Tem a raríssima característica de ser rodeado até quase ao nível da água por uma escada abobadada e em espiral, aqui e além servida por três janelas de acesso à água.

A sua dupla designação de poço-cisterna protege a possibilidade de poder ser também abastecido pela água recolhida pelos telhados vizinhos.

Trata-se duma construção do período almóada da ocupação mourisca, finais do séc. XII, princípios do séc. XIII, mas sem grandes paralelos em todo o mundo árabe.

Construído mesmo junto à muralha da medina, perto de uma torre albarrã, e muito perto duma porta principal, terá tido durante toda a Idade Média um papel fundamental no abastecimento da cidade baixa. A humilhante rendição pela sede aos Cruzados nos finais do Verão de 1189 poderá não ser alheia à decisão de construir uma tal obra hidráulica.

Hoje é a peça fundamental do novo museu que o protege e magnificamente enquadra e ao qual forneceu, durante a sua escavação, muito do seu espólio.


Vocabulário

Logotipo da cidade de Silves: um castelo vermelho com o crescente muçulmano e a cruz cristã, as laranjeiras e o rioAXARAJIBE - Também conhecido por Palácio das Varandas, seria por certo uma magnífica construção palaciana para ser comparada na poesia árabe às mais belas de Bagdade. Poderia ter com o Alhambra de Granada algumas semelhanças. Construção talvez do príncipe al-Mu'tamid (séc. XI), e hoje ainda por encontrar, inspirou inúmeros poetas e tertúlias filosóficas.

CISTERNA DA MOURA - Trata-se duma cisterna abobadada em quatro naves à qual está ligada a lenda da Moura: conta-se que na noite de S. João (24 de Junho), pela meia-noite, se ouvem lamúrias de uma princesa moura que, num barco de prata com remos de ouro, anseia que um príncipe da sua raça a venha desencantar.

Colaboradores Foto interior: Tom Sullivan
Restantes textos, imagens e pesquisa: António Baeta Oliveira mailto:baeta@mail.telepac.pt | Manuel Castelo Ramos e Margarida Carmo Ramos mailto:manolo@mail.telepac.pt
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